DO G1 BA
Uma menina de 5 anos do sul da Bahia perdeu a visão dos dois olhos e
parte do rosto, e a família não consegue descobrir qual a doença da
criança nem como tratá-la.
A mãe de Pyetra Jesus Santana conta que tudo começou com uma coceira.
"Começou coçando o olho direito, ela ficou cega. Depois o esquerdo, e
ela ficou cega desse olho também. Passou para a boca, nariz e o céu da
boca está todo aberto", afirma Adrielle do Santos de Jesus, de 22 anos.
Ela e a filha chegaram a Salvador no início da semana em busca de um
médico que aponte a causa do problema e ajude a reconstruir o rosto de
menina.
A criança coça bastante a face e já não possui mais dentes. A região do
nariz tem uma fenda que atinge o céu da boca e, por isso, ela já não
fala e se alimenta por sonda.
Pyetra também não anda, segundo a mãe, pois as pernas já atrofiaram por
passar muito tempo deitada. "Levo em clínicas de fisioterapia e quando
veem ela, se negam a atendê-la", afirma Adrielle.
Na tentativa de agendar uma consulta pela rede pública de saúde, a mãe,
que não possui parentes na capital baiana, está hospedada em um hotel e
recebe ajuda financeira de índios – ela integra a tribo Pataxó. Mãe e
filha moravam na aldeia Renascer, próximo à cidade de Alcobaça. Adrielle
também recebe dos pais ajuda para cuidar de Pyetra.
Problemas de saúde
A criança nasceu quando a mãe ainda tinha 17 anos, na cidade de
Itamaraju, também no sul do estado. Quadro dias após o parto, Adrielle
descobriu que a bebê tinha doença no coração e que ele crescia rápido
demais, afirma.
Meses depois, soube que a menina poderia fazer a cirurgia em Vitória,
Espírito Santo, e foi para lá. Morou por um ano e dois meses na cidade e
decidiu voltar para a Bahia.
inha risco de passar para o outro olho", diz Adrielle.
Segundo ela, alguns meses depois, a criança começou a coçar o olho
esquerdo e acabou ficando cega desse olho também. "Parecia que era algo
que comia o olho da minha filha. Enquanto isso, eu ia a um monte de
médico e ninguém conseguia descobrir nada. Com o tempo, a coceira passou
para a boca e para o nariz", afirma a mãe.
Ela conta que um médico em Teixeira de Freitas fez uma biópsia que não
apontou nenhuma causa. "Então ele mandou que eu procurasse um cirurgião
plástico, em Salvador, para que pudessem reconstituir o rosto da minha
filha."
Especialista
O G1 buscou ajuda de uma médica especialista em
dermatologia para entender o problema de Pyetra. A médica Cristiana
Mendonça afirmou que, mesmo que a biópsia não tenha indicado resultado
definitivo, seria necessário continuar com a investigação de outras
doenças.
"No exame tem descrição que dá noção para que lado o médico deve
pesquisar a doença, falando mais a favor de um grupo de doenças. É isso
que vai dar o norte ao médico para ele investigar o que pode está
acontecendo com o paciente", explica. Como ela não tem acesso ao
histórico do paciente, não pôde indicar a origem do caso.
Uma consulta com um médico cirurgião está marcada para o dia 31 de
março no Hospital Gesteira, unidade de referência da rede pública
especializado em crianças, quando será avaliado se o tratamento poderá
ser realizado no local.
A reportagem procurou também uma das unidades no interior baiano em que
a criança já tinha sido atendida. De acordo com o local, Pyetra deu
entrada para diversos atendimentos a exemplo de episódios de diarreia,
anemia, pneumonia e febre. A unidade de saúde, entretanto, afirma que
ela já tem um problema de base desde o nascimento, que seria uma espécie
de paralisia cerebral e, em decorrência do quadro neurológico, ela se
automutila.
Adrielle teme que a fenda no rosto se abra mais e que a menina não
aguente as dores. "Eu fui ao cirurgião plástico porque não sei quem pode
me ajudar, eu estou indo a tudo. Acho que um cirurgião só poderá me
ajudar quando descobrirmos o que ela tem", disse a mão.
Ela afirma que procura tratamento para as coceiras desde quando a
criança tinha um ano de idade. "Só quero que alguém me diga quem devo
procurar porque preciso ao menos saber o que minha filha tem", afirmou a
mãe.
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