segunda-feira, 27 de abril de 2015

500 dias: Acessibilidade não deve ser “acessório”

Secretaria de Direitos Humanos monitora obras olímpicas para garantir preceitos de inclusão desde a matriz. Treinamentos estão previstos para melhorar atendimento
Para que a acessibilidade não seja apenas detalhe e sim prioridade, a Secretaria de Direitos Humanos (SDH) tem como função monitorar as obras para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos realizadas com recursos do governo federal. A proposta é garantir que a inclusão seja pensada desde a origem dos projetos de infraestrutura.

“O desafio é acompanhar de forma milimétrica o cronograma das obras que estão por ser entregues, garantir que a acessibilidade esteja na matriz dos projetos e que não entre como acessório, mas como algo necessário para prover dignidade, autonomia e cidadania a todas as pessoas. Acessibilidade não é só para pessoas com deficiência, é bom para todos. Uma população que envelhece necessita de obras com acessibilidade”, disse Antonio José Ferreira, secretário nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência da SDH.

Tanto no Rio de Janeiro quanto nas demais sedes do futebol, outra meta é que os aeroportos estejam adequados para receber pessoas com deficiência não só em termos físicos, mas na qualidade de atendimento. Em entrevista ao brasil2016.gov.br, Antonio Ferreira também falou do legado intangível que os Jogos Paraolímpicos podem deixar, promovendo “um olhar mais humano” em relação às pessoas com deficiência. “Isso não se pode delimitar em uma planilha orçamentária”, ponderou.


Confira a entrevista:

Responsabilidade

Os desafios são tremendos para tornar o país ainda mais acessível, não só pela responsabilidade constitucional que temos em promover equiparação de oportunidades entre as pessoas com deficiência e as demais pessoas, mas também para recebermos muito bem os atletas paraolímpicos e todos os que virão ao Brasil para os Jogos em 2016.

Monitoramento

O papel da Secretaria de Direitos Humanos é fazer o monitoramento e o acompanhamento das obras que são realizadas com recursos com governo federal para verificar e tornar essas obras acessíveis: os Centros de Iniciação ao Esporte (CIEs), as obras viárias, como metrô, VLT, todo o trabalho que é feito em aeroportos. Eles já melhoraram muito com a Copa e agora queremos torná-los ainda mais acessíveis não só no Rio de Janeiro, mas em todas as sedes do futebol e nas cidades que estarão recebendo turistas estrangeiros. Temos acompanhado de perto, feito um grande esforço para que as pessoas com deficiência – atletas ou não – sejam muito bem recebidas nos nossos aeroportos, com plena acessibilidade.

Atitude

A acessibilidade tem que ser arquitetônica, mas também atitudinal, que é aquela que está na atitude dos operadores, de quem recebe as pessoas com deficiência nos aeroportos. Além de cuidar da acessibilidade arquitetônica, vamos cuidar da capacitação de toda a equipe das operadoras, sejam elas empresas aéreas ou empresas que administram os aeroportos, além dos servidores ligados à Infraero. Todos passarão por treinamento.

Transporte

Estamos cuidando da acessibilidade em todas as obras de metrô e VLT no Rio de Janeiro. Essas obras estão sendo feitas com plena acessibilidade e estamos acompanhando para que, de fato, tudo esteja dentro do projeto original. Isso inclui o entorno e as obras na Vila Olímpica e Paraolímpica. Também há um esforço para tonar os transportes de passageiros mais acessíveis, dando mais autonomia às pessoas com deficiência.

Acessório

O desafio de modo geral é acompanhar de forma milimétrica o cronograma das obras que estão por ser entregues, garantir que a acessibilidade esteja na matriz dos projetos e que não entre como acessório, mas como algo necessário para prover dignidade, autonomia e cidadania. Acessibilidade não é só para pessoas com deficiência, é bom para todos. Uma população que envelhece necessita de obras com acessibilidade. Estamos acompanhando de forma direta e efetiva e as pessoas vão conferir a mudança de atitude durante os Jogos.


Atendimento

Um aeroporto acessível não significa só ter pontes para desembarque acessível, como já temos hoje, ou ambulift – equipamento para desembarque de pessoas com deficiência nas áreas remotas do aeroporto –, mas ter toda uma compreensão e atitude dos operadores e das pessoas do atendimento. Por exemplo, é você chegar ao aeroporto, encontrar um balcão mais baixo, para que a pessoa em cadeira de rodas possa ter interação maior com o atendente, mas também que esse atendente esteja preparado, compreendendo a especificidade do atendimento. Capacitar é uma das nossas preocupações.
Da mesma forma, não vai ser plenamente acessível um VLT em que as pessoas desembarquem e embarquem no mesmo piso, em que as pessoas entrem com autonomia, se a equipe do VLT não estiver preparada para atender as pessoas. A acessibilidade não será plena.
Também estamos dialogando com a rede hoteleira que, apesar de não estar no âmbito do governo federal, oferta serviços. E esses serviços devem ser acessíveis não só no ingresso, mas no convívio das pessoas que ali estão.

Delegações

Já temos mapeadas as delegações paraolímpicas que estarão no Brasil, já sabemos onde desembarcarão, e estamos no acompanhamento fino, preparando o Brasil para receber bem esses atletas.

Legado

Um dos objetivos dos Jogos 2016 é deixar um grande legado para as pessoas no Brasil, e as pessoas com deficiência são diretamente beneficiadas.  Um legado que passa pelos aeroportos, transporte terrestre, passará pelos Centros de Iniciação ao Esporte – 264 estão sendo construídos em todo país, que contemplam até seis modalidades paraolímpicas – um grande legado de fomento ao desenvolvimento do paradesporto.
O Brasil já é potência paraolímpica e depois dos jogos vai se tornar potência de relevância ainda maior. Temos que comemorar que também ficará como legado o Centro Paraolímpico Brasileiro, em São Paulo, com investimento de R$ 264 milhões, onde será possível o treinamento de 15 modalidades. Será um dos maiores e mais modernos centros do mundo.

Intangível

O Brasil será um país ainda melhor após os Jogos Rio 2016, não só pelo legado de obras, mas pela excelente convivência que os brasileiros terão com as pessoas com deficiência, e isso ficará como legado de sensibilidade, de um olhar mais humano para as especificidades de todas essas pessoas. Isso é um legado intangível que não se consegue delimitar em uma planilha orçamentária.



Carol Delmazo – brasil2016.gov.br

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