Do G1 AC
O ex-seringueiro Francisco Alves Pedrosa, de 77 anos, mora na estrada da Variante, que liga a BR-364 à cidade de Cruzeiro do Sul,
distante 648 km da capital Rio Branco. Aos 25 anos, em 1963, Francisco
perdeu parte da perna direita após ter sido picado por uma cobra.
Cansado de usar muletas, ele começou a fabricar próteses com madeira da
região do Juruá.
A retirada de látex das seringueiras exigia que Francisco ficasse muito
tempo na floresta. Ele conta que foi picado outras três vezes por
cobra, mas conseguiu atendimento rápido no hospital e ficou sem novas
sequelas.
A ideia de usar a madeira partiu do próprio ex-seringueiro. "Durante 20
anos, andei de muleta. Depois, passei a usar a perna de pau, feita de
madeira. Passei muitos anos [assim], eu mesmo fazia. A que uso hoje aqui
foi um vizinho já falecido, que trabalhava fazendo embarcações, que me
presenteou. As primeiras eu mesmo fazia, pegava um pedaço de madeira,
cavava com um formão e fazia por conta própria. Para calçar, forrava com
pano para evitar calos", explica.
Em 2014, Francisco chegou a ganhar uma prótese de alumínio, mas opta
pela de madeira por conta do local onde mora, uma área úmida às margens
do Rio Juruá.
"Tenho uma nova, mas não abro mão desta. Aqui é muito molhado, tem
muita lama, então procuro usar esta para poupar a nova, que é melhor de
andar. Mas, com essa aqui ando bem, ando por toda a cidade. É mais
leve", destaca.
De acordo com ele, o material usado para fazer a prótese é aguano, uma
espécie de madeira da região. "Foi um amigo que fez pra mim. Quando o pé
fica ruim, vou a um carpinteiro, e ele faz outro pé”, finaliza.
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