pequeno Eduardo Niero, de três anos, nasceu surdo. Foi
descobrindo aos poucos seu jeito de se comunicar com o mundo. Ao
iniciar a vida escolar em 2015, no Núcleo Municipal de Educação Infantil (NEI) Gentil Mathias da Silva,
nos Ingleses, no norte da Ilha, Dudu, como é chamado pelos amiguinhos,
começou uma nova etapa, repleta de desafios, mas que serão fundamentais
tanto para o seu desenvolvimento quanto para o dos outros estudantes.
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Junto com Dudu, colegas, professores e funcionários da creche estão aprendendo a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Três vezes por semana eles recebem a visita da professora Cristine Hertz Dias,
responsável pelo projeto. O aprendizado é feito de maneira totalmente
lúdica para crianças desta idade. As pequenas mãozinhas vão aos poucos
realizando os gestos do cotidiano, como comer, sentar, dormir, e fazer
os símbolos que representam as letras, os animais e os demais objetos
que integram a rotina.
A professora da turma, Denise Medeiros,
explica que os colegas interagem naturalmente com Dudu, e já sabem que
quando querem chamá-lo precisam ir até ele e fazer os gestos:
—
Quando eu digo pra turma sentar, os colegas já fazem o sinal com as mãos
para ele. É um aprendizado para todos nós. E nos dias em que a
professora Cris não está aqui, eu também trabalho a Libras com a turma —
conta.
Especializada em educação especial, a professora
Cristine explica que para a criança que nasce surda, a Língua Brasileira
de Sinais é o primeiro jeito de se comunicar, de expressar suas
vontades, sendo o envolvimento da família e da escola essenciais para o
aprendizado.
— É um processo que envolve toda a família. Uma vez
por semana a mãe dele também vem aqui ter aulas comigo, pois já
expliquei que quanto mais cedo ele aprender Libras, melhor vai ser para o
desenvolvimento quando entrar para o Ensino Fundamental. Esta é a
primeira língua dele, para depois aprender a ler e escrever em
português — explica.
Inclusão natural
Numa sala de
aula com crianças entre três e quatro anos, não existe preconceito.
Todos interagem juntos de maneira natural, brincando e brigando com Dudu
quando ele não se comporta bem:
— A gente tem que falar com as
mãos com o Dudu, porque ele não tem o ouvidinho igual o nosso. Mas eu
brigo com ele quando ele me bate — conta Ana Clara, de quatro anos.
Para
o aprendizado de Libras se tornar mais eficiente, Cristine troca
figurinhas com a professora Denise, e trabalha na linguagem dos sinais
os mesmos conteúdos que as crianças estão tendo:
— No último mês
falamos bastante de água, natureza, então eles aprenderam os gestos
relacionados. Com alunos maiores, posso ensinar de maneira mais prática,
mas para crianças tudo é feito aos poucos — destaca Cristine.
Rede municipal da Capital tem 480 alunos com deficiência
Há
20 anos, a rede municipal de Florianópolis começou a inserir alunos com
deficiência na rede regular de ensino. Atualmente, são 480 estudantes
matriculados. Somente na educação infantil, são 129 crianças. Para um
atendimento mais eficaz, foram criadas salas multimeios em 22 polos,
todos com professores especializados em educação especial. Os materiais
também são adaptados previamente. No caso do ensino de Libras, assim que
um aluno surdo é matriculado na rede, um profissional é deslocado para o
atendimento na instituição, caso esta não tenha um profissional
capacitado.
Ainda existem casos como o da Escola Maria Tomázia
Coelho, no Santinho, onde funciona o polo do norte da Ilha. Na escola,
mesmo sem ter nenhum aluno surdo, os estudantes do 1º ao 5º ano têm
aulas de Libras de 15 em 15 dias com a professora Cristine Hertz Alves,
por entender que a Libras precisa ser difundida entre todos, de maneira
ampla e não especificamente para as pessoas surdas.
Números
Alunos com deficiência auditiva em Florianópolis
Perda total de audição (surdos) 11 - Ensino de Educação Fundamental
3- Ensino de Educação Infantil
Perda parcial de audição
16- Ensino de Educação Fundamental
4- Ensino de Educação Infantil
TOTAL: 34 alunos
Outras deficiências
Visual
Cego: 3
Baixa visão: 15
Intelectual: 163
Motora-física Paralisia Cerebral: 27
Outros: 42
Múltipla: 61
Transtorno do espectro autista: 133
Altas habilidades/ superdotação: 2
Fonte-HORA DE STA CATARINA
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