Moreira é concursado na Escola Municipal Jovelina Morateli, no bairro Mãe Preta, onde sente-se realizado pela profissão que diz ter se apaixonado logo nos primeiros meses da graduação. Para conseguir o que queria, foi preciso muita dedicação, característica que admira em si próprio.
“Eu não falo que não consigo, que é impossível fazer algo. Para mim, essa palavra não funciona, não. Eu persisto nas coisas e até fico admirado pelo que faço”, contou.
Síndrome de Devic
Moreira nasceu saudável, mas na adolescência foi diagnosticado com a síndrome de Devic, uma doença autoimune que acomete o sistema nervoso central. Em uma semana, perdeu a visão e parte dos movimentos das pernas.
O tratamento começou em 2001 no Centro de Habilitação Princesa Victoria (CHI) onde se aproximou de pessoas com dificuldades semelhantes. Lá aprendeu a se comunicar em braile e logo passou a dar aulas para crianças com deficiência visual e múltiplas deficiências. Seis anos depois, prestou concurso e, em 2008, passou a trabalhar na unidade.
“Eu ensinava braile, informática adaptada para cegos, adaptava material e orientava professores da rede ensino. Sentia a necessidade cursar pedagogia para oferecer mais qualidade aos alunos”, contou.
Ao concluir a graduação, Moreira prestou outro concurso para professor da rede municipal de ensino e, em maio deste ano, teve que se desligar do CHI. “Por ter toda uma história de ajuda e recuperação, foi muito difícil a minha saída”, contou.
O professor lembrou que teve receio em relação ao primeiro dia de aula, pois não sabia o que iria encontrar. Ele não conhecia a escola, os professores, não sabia se o prédio era adaptado e não tinha noção de como seria recebido pelos pais e alunos. A experiência, entretanto, o surpreendeu.
“As crianças são curiosas, perguntaram por que tinha ficado doente, como uma pessoa cega enxerga, como eu fazia em casa. Contei a minha história e elas ficaram surpresas por eu conseguir fazer tantas coisas. Com isso, foi quebrando aquele gelo. No primeiro dia de aula saí muito feliz pela receptividade dos alunos e da escola”, disse.
Fonte-G1
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